10 Características da Linguagem Acadêmica

Quais são as características da Linguagem Acadêmica?  Esta é a pergunta que muitas pessoas se perguntam quando entram na universidade.  A forma de criar trabalhos é completamente diferente das escolas básicas.

É sempre bom ter em mente que cada pequena produção é uma contribuição ao mundo científico.  Considerando isso está mais próximo do discurso acadêmico.

Assim, não é preciso ter ansiedade ao pensar em como estruturará e apresentará suas ideias. Na verdade, esse processo é totalmente planejado e organizado.

Portanto, neste artigo, você aprenderá as características da linguagem acadêmica e como usá-la corretamente.

Ler bem para escrever bem

Considerando as características da Linguagem Acadêmica, é muito comum encontrar estudantes que travam uma verdadeira luta com os textos acadêmicos. Eu mesmo já vi muitos sofrerem por terem que produzir resumos, ler artigos e livros.

Então, adianto: aceite a nova realidade. Você está em um novo contexto educativo e não adianta se lastimar pela diferença entre o ensino anterior e a faculdade.

Por isso, que o que Monteiro Lobato fala é assertivo: “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Sim, se você deseja melhorar sua comunicação na academia, uma hora ou outra terá que aprofundar seus conhecimentos.

E, desse ponto de vista, é possível até enriquecer o conteúdo verbalmente assistindo a palestras e participando de seminários. Mas até os palestrantes se embasam em teorias.

Assim, é mais que necessário que você se acostume a diversificar seu repertório e ter contato constante com a escrita.

O formal e o informal

Novamente, esta conexão é propícia ao seu desenvolvimento científico, e você perceberá que não ficará confuso ao navegar em artigos acadêmicos e será mais fácil.

Até porque, uma das principais características da Linguagem Acadêmica é a diferenciação entre o que é formal e informal.

  • Formal: é o tipo de discurso que utilizamos ao se comunicar com autoridades, ao se expressar em contextos de seriedade e se enunciar cientificamente.
  • Informal: é o discurso usado em momentos mais leves do dia a dia, principalmente com pessoas mais próximas. Essa comunicação tem menor rigor, usa gírias, expressões próprias etc.

Além disso, boa parte da comunicação formal está ancorada na gramática normativa. Isso mesmo, aquele monte de regras de português que aprendemos na escola.

Você também pode ver alguns autores chamando as duas de linguagem padrão e coloquial, norma culta e norma popular e outros tipos de denominações.

Costume de linguagem e como evita-los

Continuando pelo caminho das pedras da boa comunicação acadêmica, podemos lembrar da questão dos costumes da linguagem.

O vício da linguagem nada mais é que um padrão de comunicação que se repete de maneira excessiva. Isto porque, o ideal é que consigamos diversificar nosso modo de se expressar, mas ocorre de usar formas inadequadas para determinado contexto, é o caso de gírias e equívocos de colocação.

Vamos conhecer alguns vícios de linguagem?

  • Uso de gírias em contextos formais: escrever “né”, “saca”, “cê”, “tu”, “tipo”.
  • Redundâncias: subir pra cima, descer para baixo, sair para fora, água molhada, há tempos atrás.
  • Uso equivocado de “Onde” e “Através”: use o “Onde” apenas para falar de locais. No caso de menção textual substitua pelo “o qual” ou “no qual”, “o texto no qual foi citado…”. Já o “através” é usado apenas para atravessar algo físico (através da água, através da janela), substitua ele por “por meio”: o artigo por meio do qual o autor apresenta sua ideia.
  • Iniciar sentença com pronome oblíquo: NUNCA inicie uma frase com os pronomes “me”, “te”, “lhe” e “nos”. Prefira escrever, “Ajude-nos” a “Nos ajude”.
  • Gerundismo: muitas pessoas fazem uso exagerado do gerúndio (-ando, -endo e -indo). Substitua formas como “vai estar explicando”, “vai estar detalhando” por “explicará”, “detalhará”.
  • Excesso de “Que”: o pronome que está mais relacionado a orações subordinadas e elas deixam o texto mais complexo. Por isso, evite o uso do “que” e use sentenças mais simplificadas.

Aqui vimos alguns dos principais erros e como contorna-los, mas, mais uma vez, é bem melhor quando você já leu diversos textos e interiorizou o discurso acadêmico.

Trabalhos Acadêmicos: elementos Pré-textuais
Alunos no campus da escola

Estilo do autor um dos pilares das características da Linguagem Acadêmica

Similarmente, uma maneira de enriquecer seu texto acadêmico e se comunicar com clareza é desenvolver seu estilo particular. Dentro do estudo da língua, temos a Estilística que se preocupa justamente com a particularidade do autor ao escrever sua obra.

Não sei se você já reparou, mas o modo como você organiza as palavras gera um efeito no leitor. Eu, por exemplo, ao falar de contexto acadêmico contigo, estou usando um estilo semelhante a um diálogo.

Isso ajuda a tornar o texto mais “deglutível”, ou seja, você o lê com mais leveza.

Entretanto, mesmo na faculdade há características da Linguagem Acadêmica que vão limitar o modo que você apresenta o texto. O uso da linguagem poética e metafórica, por exemplo, é bem mais restrito.

Contudo, para desenvolver seu estilo próprio, você precisa se preocupar com:

  • O “tom” dado: isto é, se você se comunicará usando termos mais rebuscados, mais técnicos, mais leves.
  • Seu público: tenha em mente se quem lerá seu texto está mais ou menos familiarizado com o conteúdo e com sua escrita.
  • O objetivo: que efeito você deseja criar no leito? Quer que ele reflita, se surpreenda, concorde com seus argumentos? Tudo isso precisa ser pensado.

Num primeiro momento, você não precisa se preocupar ferrenhamente com este aspecto da linguagem. Mas, conforme avance nos estudos, tente criar sua própria identidade dentro da escrita.

Impessoalidade: mantenha seu texto neutro e com marcas científicas

Ainda na perspectiva de deixar o texto inteligível e com fácil compreensão, retire as marcas da primeira pessoa dele. Isso mesmo, ele precisa se apresentado de um ponto de vista impessoal.

A explicação pode ser um pouco dolorosa, mas a verdade é que suas visões pessoais pouco importam ao contexto científico. Por isso que tudo que é apresentado precisa de uma boa base e comprovação.

Assim, ao apresentar seu texto de maneira impessoal você indica que as conclusões a que chegou não são estritamente suas, mas podem ser comprovadas por outras pessoas.

Para tornar o texto impessoal:

  • De forma alguma use o pronome “Eu” ou “Nós”, bem como suas desinências: comprovamos, acredito, acreditamos.
  • Use a terceira pessoa neutra: acredita-se, urge-se, é necessário.

Além disso, esse modo de discursar da mais credibilidade a seus trabalhos e tornam eles mais relevantes, do ponto de vista científico.

Marcadores Textuais e suas funções

Sob mesmo ponto de vista, os marcadores textuais podem ajudar a deixar seu texto mais legível.

Eles são estruturas que cria pontes entre um parágrafo e outro, unindo as ideias apresentadas. Podem ser de:

  • Oposição: Mas, porém, entretanto, contudo, todavia.
  • Adição: E, também, mas também, da mesma forma, igualmente.
  • Conclusivos: assim, dessa forma, portanto, concluindo.
  • Concessão: embora, ainda assim, mesmo assim.

Eles são que chamamos de conectivos, justamente por ligarem diferentes partes, como elos de uma corrente. Angelo Públio criou uma lista completa dos principais marcadores textuais, vale a pena conferir.

A lógica do texto acadêmico

Além disso tudo, não poderia deixar de falar que uma das características da Linguagem Acadêmica é se comunicar com uma certa lógica. Pois é, na linguagem cotidiana é um verdadeiro caos.

A gente insere informações no meio da conversa, se lembra de algo, faz algum apontamento. Mas isso não acontece no ambiente acadêmico, por isso que a organização e o planejamento serão seus maiores aliados.

Dessa forma, você precisa se preocupar em:

  • Criar um discurso lógico: é aquela fórmula básica “introdução, desenvolvimento, conclusão”, mas sempre apresentando coisas coerentes, como “O número de crianças com encefalia está relacionado à contaminação por Zika Vírus”, esses são dados que fazem sentido.
  • Ter embasamento teórico: parece brincadeira, mas dificilmente suas posições serão levadas a sério se não houver comprovação em um autor. Então, se você acha que teve uma ideia inovadora, vasculhe a biblioteca da universidade antes, alguém já pode ter tido a mesma ideia.
  • Apresente uma “linha do tempo” referencial: a ciência, muitas vezes, trabalha com contribuições. Por isso, se você deseja estudar uma nova teoria, vai precisar rever toda epistemologia que levou às ideias atuais.

Essas diretrizes são mais gerais, para a formulação de ideias. Agora, falando de texto escrito, podemos lembrar de:

  • Escrever parágrafos que não sejam longos.
  • Não usar estruturas complexas (como o caso do excesso de subordinação nas frases).
  • Não use termos cujo significado você não conhece.
  • Explicar termos estrangeiros, siglas e abreviações.
  • Usar citações diretas de autores conhecidos e de relevância.
  • Não seja prolixo em seu texto, ou seja, ficar “enchendo linguiça”.

Características da Linguagem Acadêmica: Revise antes de publicar

Outro ponto interessante, diz respeito a pós produção do texto, pois terminar a escrita não significa que o trabalho está pronto. É de suma importância que ele seja revisado.

Além disso, a dica é que seja uma outra pessoa que revise seu trabalho. Se estamos falando de monografia, dissertação e tese, o mais indicado é contratar um profissional da área de letras.

Os principais pontos que precisam ser revisados são:

  • Ortografia.
  • Regras Gramaticais.
  • Coerência nas ideias apresentadas.
  • Clareza no conteúdo apresentado.

Você também pode guardar seu texto por alguns dias e depois relê-lo, vai perceber bastante trechos confusos e desconexos, é normal. Lembrando que com o tempo sua escrita vai amadurecendo e o texto vai se tornando cada vez mais “limpo”.

Formatação, Estrutura e Regras

Na sequência, é preciso ter sempre atenção à formatação final que seu texto terá. É normal que sejam seguidas as normas da ABNT, contudo, cada instituição e revista acadêmica pode solicitar seu próprio jeito de organizar o texto.

É normal que tenha:

  • Resumo, introdução, revisão de literatura, metodologia, considerações final e Referências.
  • Margens superior e esquerda 3cm e inferior e direita 2 cm.
  • Fonte “Arial” ou “Times New Roman”.
  • Espaçamento entre linhas em 1,5.

Sempre consulte a entidade representante para saber o melhor jeito de estruturar seu texto e atender as normas. Digo isso, pois evita retrabalhos e até mesmo que seu texto seja rejeitado para uma possível publicação.

Plágio: o roubo de propriedade Intelectual

O último tópico deste artigo pode ser bem polêmico, em hipótese alguma se aposse de uma fala que não foi sua. Isso pode acontecer tanto na modalidade escrita como na oral.

Além de ser bastante deselegante, é considerado plágio, ou seja, roubo de propriedade intelectual. E se tem algo que não faz parte das características da linguagem acadêmica é o plágio.

O pior é que é muito comum que alunos recém-chegados à universidade façam uso dessa prática por ser uma “deficiência” dos trabalhos do colégio. Já vi muitos copiando trecho enormes de obras e sendo corrigidos de maneira forte pelos professores.

Na dúvida, há diversas formas de fazer uso das ideias de um autor:

  • Cite ele de maneira direta: copie o trecho que deseja usar, mas explique que não são ideias suas, mas de uma terceira pessoa.
  • Faça uma citação indireta: diga o que o autor afirma com as suas palavras, ou seja, reformule o trecho que você deseja usar.

E aí, será que você sabia tanto sobre as características da Linguagem Acadêmica? Deixe nos comentários se esse texto te ajudou a compreender melhor e assuntos que você gostaria de ver aqui no Blog.

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